quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Refletindo...


Era um dia de sol muito bonito. A água do mar era esverdeada e calma. As pessoas estavam na areia, lendo, se bronzeando, nem se dando conta da beleza do mar e da sua força.
Eu brincava com duas crianças, aliás, três. Uma delas era adulta, mas tinha alma de criança. Parecia ter necessidades especiais. A mãe liderava a brincadeira. Lembro que brincávamos de correr em volta de nossas coisas e caíamos numa canga estendida na areia. Eu não as conhecia, mas ali com elas estava.
Até que bateu a vontade de me banhar, sou loucamente apaixonada pelo mar. Ao me aproximar da água, o cenário se modificou. O céu azul e seu companheiro sol sumiram como num efeito de transição de slides e deram lugar à uma grande escuridão e ao que parecia ser, à formação de uma forte chuva. As pessoas começaram a se levantar, abismadas com aquela mudança de tempo tão repentina. Porém, não chovia. Não caía uma sequer gota d’água do céu.


Na linha do horizonte começava a se formar uma enorme onda. Naquele momento, as pessoas gritavam por socorro, recolhendo suas coisas. Eu lembro que também juntei as minhas, as enrolei numa toalha de banho e não mais vi a mãe nem as meninas que estavam comigo.
As pessoas recolhiam suas cadeiras de praia, bolsas, óculos, livros, etc. Elas tinham o mesmo pensamento que eu: que daria tempo de correr e se salvar, já que a onda parecia não sair do lugar. Mas como era de se esperar, a onda ganhou uma velocidade arrasadora e vinha se aproximando cada vez mais em direção à costa.

Nesta hora avisto minha amiga Monique, que nem de praia gosta. Ainda pensei em mangar dela, dizendo:  “Menina!! Que dia perfeito você escolheu para vir à praia!!!” Como pode num momento como aquele alguém pensar em brincadeiras? Mas que me deu vontade de falar, deu. (rs)
Mas ao invés disto, pedi para que ela segurasse minha mão. Larguei as coisas ao chão e segurei firme a mão dela. De repente surge o Tonni, meu amigo tão querido.  Apesar da situação que nos encontrávamos parecer sem saída, a presença dele nos trouxe segurança. Tonni ficou no meio segurando minha mão, e na outra, a da Monique.
Não dissemos nada. Ficamos naquela faixa de areia de mãos dadas. No meu íntimo, algo dizia que a onda iria nos arrastar, mas que iríamos nos salvar. Bastava que ficássemos de mãos dadas o tempo todo, para não nos perdermos.


Percebi que várias pessoas fizeram parecido: famílias deram as mãos em forma de círculo, mães apertavam seus filhos e todos os objetos, todas as cadeiras, bolsas, que no começo eram tão importantes, foram esquecidos.
Apesar do medo de morrer ser grande, sentir as mãos dos meus amigos, a presença deles, me fez manter o pensamento de que tudo ia acabar bem. E ver aquelas famílias unidas, ver que havia amor e fé naquele momento assustador me deu coragem. Ficamos todos olhando a onda.
Então, um milagre aconteceu. A onda foi baixando em câmera lenta, espalhando a água pelo mar, de forma suave e bela. E o céu escuro ganhou um tom lilás, com cortes de pequenas nuvens brancas e algo parecido com a claridade da Lua iluminou a praia.


Vi que Deus existe naquele instante. Olhei pro mar, vi aquela calmaria outra vez.  As pessoas vibravam, extasiadas por estarem salvas e por aquele sublime momento de tanta beleza, um verdadeiro espetáculo da natureza.
E então acordei. Acordei num pulo e fui escrever. Não queria esquecer nenhum detalhe. Esse sonho pode não significar nada para alguns, mas para mim foi um dos mais marcantes que já tive. E olhem que eu sonho muito!
A sensação que fiquei é que todo problema, por mais devastador que pareça, não dura para sempre. É preciso acreditar na nossa força interior, não valorizar nossos fracassos e sim, nossas conquistas. Melhor ainda quando se tem a força extra, chamada amizade. Pensando dessa maneira, passamos a ter fé na vida, fé em Deus e consequentemente, em nós mesmos.

Testando... 1 2 3 ...